SITUAЗГO DAS RELIGIХES DOMINANTES

ASPECTOS GERAIS

 

PREВMBULO

 

Й grande, realmente, a misericуrdia do Pai permitindo estarmos presentes, muitos de nуs, com a consciкncia espiritual despertada, a кste fim de sйculo quando a humanidade, da qual somos parte, ultrapassa as fronteiras de um ciclo.

Trкs йpocas houve, culminantes, na histуria espiritual do homem: a primeira quando, nos albores ainda dos tempos, se levantou da condiзгo de animal para a de homem, adquirindo a faculdade da razгo e a capacidade do livre-arbнtrio; a segunda quando o Mestre desceu a кste orbe, num momento agudo de transiзгo, para coroar sua obra de arquiteto divino, ensinando os preceitos da fraternidade universal e outorgando as leis morais evangйlicas que devem reger a vida da espйcie humana atй o fim de seus dias; e a terceira, esta que vivemos hoje, quando os elementos todos da equaзгo humana, aliados aos da prуpria natureza cуsmica, se precipitam vertiginosamente para uma soluзгo final; quando todos os povos se debatem nas ъltimas carnificinas e a besta humana, desembaraзada de suas ligaduras apodrecidas, campeia pelo mundo, emitindo seus ъltimos rugidos, antes que seja afastada dos caminhos, como incompatнvel com o advento de uma humanidade redimida; e quando, apуs horrorosas hecatombes cujos efeitos ainda por muitos anos convulsionarгo a terra, o homem comparecer а presenзa do seu Senhor Divino para dar-lhe conta de suas tarefas e dos atos que atй agora praticou.

Й grande a misericуrdia do Pai nos permitindo assistir ao epнlogo de uma jornada evolutiva e ao nascimento de um novo ciclo; а morte do homem velho, saturado de materialidade e ao nascimento do homem novo, revivido de suas prуprias cinzas, para as claridades de uma nova aurora.

Elevemos, pois, ao Pai os nossos coraзхes para agradecer tudo aquilo que jб recebemos e tudo o mais que nos hб de vir nos dias vindouros, como frutos de sua bondade inesgotбvel.

 

REVELAЗГO E MEDIUNIDADE

 

A revelaзгo veio pela mediunidade, em tфdas as йpocas da histуria e foi sempre progressiva, acompanhando a evoluзгo dos homens.

Os fundadores de religiхes foram mйdiuns, seja quando se inspiraram diretamente nas fontes da sabedoria divina, elevando-se atй elas, seja quando se limitaram a transmitir aos homens ensinamentos que recebiam pessoalmente dos enviados do Senhor.

No sйculo passado surgiu a revelaзгo espнrita, mais avanзada que tфdas as anteriores, e que representa um desdobramento do programa dos Guias do Mundo.

Ela visa a sublimaзгo das almas nos conhecimentos da verdade eterna e sua redenзгo pelas realizaзхes do Evangelho do Cristo.

O que a distingue das demais й que nгo foi dada a um, mas a muitos, sendo acessнvel a todos, sem ostentaзгo, restriзхes ou mistйrios. Por isso й a ъnica que tem, realmente, carбter universalista.

Os mйdiuns sгo, pois, os agentes materiais dessa revelaзгo, como foram de tфdas as demais e seu trabalho continua a se desenvolver, cada vez com maiores amplitudes porque os Enviados, cada minuto que passa, aproximando os homens do tкrmo final dкste ciclo, tкm cada vez maiores necessidades dкsses porta-vozes humanos para o esclarecimento do maior nъmero, antes que se ultime o julgamento periуdico, o expurgo, durante o qual serгo кles selecionados, para que a humanidade suba um degrau na escada de sua evoluзгo e кste planeta se renove.

O mundo material jб estб maduro, a matйria jб estб se desagregando e o trabalho й cada vez mais urgente, colocando os homens em face de um problema, impossнvel de ser resolvido a nгo ser аs luzes do conhecimento espнrita.

 

SITUAЗГO DAS RELIGIХES DOMINANTES

 

As atuais religiхes em sua maioria mas, principalmente, as que se dizem cristгs, desempenharam seu papel segundo as йpocas e as condiзхes que lhes foram prуprias mas, atualmente, a compreensгo humana evoluiu a um ponto que nгo mais aceita o arcaismo das concepзхes que atй ontem venerava.

Essas religiхes, dogmбticas e materializadas, fracassaram tфdas; nгo foram capazes, porque se entregaram a Mamon, de espiritualizar os homens, e compreenderam, jб, que estгo se aproximando do fim do seu poderio. E assim como nada construiram de permanente, nгo permanecerгo.

Incapazes de se adaptarem ao progresso e acompanhar, evoluindo, a marcha das coisas, agarram-se e continuarгo a agarrar-se, obstinadas, a seus dogmas obsoletos e rituais espetaculares, na esperanзa ilusуria de poderem assim sobreviver, como atй aqui, dominando as massas com meias verdades.

Constatam que dia a dia perdem terreno e aumenta o nъmero de seus vacilantes adeptos que desertam para engrossar as hostes da espiritualidade e nessa situaзгo aъgustiosa estreitam e renovam suas seculares alianзas com os poderes materiais do mundo, num conъbio mistificador que visa, como sempre visou, a subjugaзгo das massas possuidoras ainda, em grande parte, de uma lastimavel e incrнvel ignorвncia religiosa.

 

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Mas o ariete espiritual bate cada vez mais forte e mais insistente e vai aos poucos derruindo os alicerces dessas construзхes artificiais, levantadas na areia da transitoriedade.

Tudo oscila, estremece e palpita numa compreensгo nova, ao sopro dкsse vento que “sopra onde quer”, dessa luz que afasta tфdas as sombras, dessa esperanзa que renova todos os alentos.

E o prуprio Oriente, tradicionalmente adormecido em seu eterno sono mнstico, jб agora estб despertando, sacudido por fфrзas desconhecidas e de incrнvel poder, para que abandone seu silкncio e seu isфlamento, e ombro a ombro com os demais povos, se prepare para os novos tempos que surgem.

E inъtil se torna tфda e qualquer resistкncia, daqueles que nгo querem receber a nova revelaзгo porque, quando a verdade nгo pode entrar pela porta larga da inteligкncia, а claridade do dia, entra pelas frestas da construзгo, na calada da noite, surpreendendo os espнritos endurecidos nos seus redutos mais нntimos e mais caros.

Esse ariete, quando nгo й o sofrimento, й a mediunidade, porque ambos sгo irresistнveis e contra eles nгo valem os recursos mundanos, a ciкncia ou os formalismos religiosos, mas sхmente as virtudes que vкm de uma compreensгo esclarecida, da humildade do coraзгo e da submissгo completa аs leis do Criador.

 

REFORMA DA HUMANIDADE

 

O Espiritismo exige a reforma do mundo, nas relaзхes dos individuos entre si e com a Divindade. Cada sкr humano, como cйlula que й do grande organismo social, desde que se reforme, em si mesmo, para melhor, concorrerб para a modificaзгo do todo.

Atй certo tempo somente determinadas filosofias e religiхes, mas avanзadas, cogitavam desse problema, encarando-o de um ponto de vista realizador; mas hoje isso й preocupaзгo de muitos, por jб haverem compreendido que a reforma й fator essencial do progresso do mundo.

Mas nгo serб elaborando leis utilitбrias de carбter social, econфmico ou polнtico, que o problema se resolverб, porque ele tem aspectos nнtida e profundamente espirituais.

Й necessбrio que o homem se instrua intelectualmente mas que, ao mesmo tempo, se aperfeiзoe moralmente, se eleve no sentimento, equilibrando seus atributos e isso, processos e leis de carater social, do ponto de vista humano, por mais hбbeis e inteligentes que sejam, jamais o conseguirгo.

E realmente nгo o tкm conseguido. Os cуdigos legislativos humanos sгo imensos e no entanto, em sйculos, a moral nгo avanзou um passo, parecendo mesmo que retrogradou.

Mas, dizendo espiritualmente, nгo situamos o problema em nenhum campo delimitado, religioso, filosуfico ou cientнfico. O mundo possui e sempre possuiu religiхes e filosofias e uma ciкncia que diаriamente evolui, surpreendendo e se apropriando aos poucos de segredos que a Natureza reserva ao homem, na medida de sua capacidade e de seu esfфrзo; e, no entanto, a questгo moral continua carente de soluзгo, porque a ciкncia se nega a ultrapassar os limites da objetividade material e ridiculariza mesmo as realidades que estгo alйm desse limite; as filosofias nгo se arredam no campo puramente especulativo e as religiхes nгo abandonam o jogo confortбvel e ecoнsta dos interesses mundanos.

O orgulho da inteligкncia obstinada nas coisas materiais e a falta de idealismo espiritual, й que trouxeram o homem a esta situaзгo dolorosa e lamentбvel em que hoje se encontra, afastado cada vez mais do seu Criador, chacinando-se periуdica e sistematicamente, e destruindo, em momentos de inaudita violкncia, sua prуpria e laboriosa construзгo de milкnios.

Dizendo espiritualmente, pois, ao invйs de restringir, ao contrбrio dilatamos o campo do conhecimento e das realidades a limites imensos porque o que й do espнrito й integral, completo, universal e perfeito. E o campo espiritual a que nos referimos й aquele que leva a seguir as leis de Deus sobre as dos homens nele entrando, harmoniosamente combinados e reciprocamente solidбrios, os trкs aspectos doutrinбrios que atrбs citamos.

E a ъnica doutrina que atualmente consegue realizar essa harmonizaзгo — concordвncia inegбvel de elementos aparentemente contrбrios — й a doutrina espнrita que, sendo uma revelaзгo, se bem que ainda parcial, de realidades cуsmicas contйm, nada obstante, em si mesma, todos os elementos essenciais ao progresso moral e intelectual dos sкres, neste atual ciclo da evoluзгo planetбria.

 

AGENTES DESSA REFORMA

 

O mundo se nos apresenta hoje sob um aspecto triste e desanimador, de uma parte dominado pela exaltaзгo dos instintos inf eriores que desencadeou; de outra atemorizado pelo desconhecimento do seu destino de amanhг, tudo isso agravado por uma desoladora falta de esperanзa, de idealismo e de fй. Serб um trabalho demorado e бrduo promover sua reforma, modificando tantos elementos contrбrios e hostнs.

Jogando unicamente com fatores essenciais e reiterando nossos conceitos anteriores, podemos dizer que sу conhecemos dois elementos decisivos dessa realizaзгo: o sofrimento que, passando do campo individual, onde vem realizando hб sйculos um trabalho de resultados aleatуrios, atinge agora a massa da humanidade, em busca de uma decisгo coletiva; e as manifestaзхes do chamado sobrenatural, de cujo campo a mediunidade й o pуrtico.

Estes dois fatores sгo os ъnicos que tкm autoridade para decidir a questгo; o primeiro extinguindo a chama das paixхes animais e domando o homem no seu orgulho estъpido; o segundo abrindo-lhe as portas do verdadeiro conhecimento espiritual e promovendo a confraternizaзгo atй mesmo de vivos e mortos. O primeiro como agente do passado, resgatando dнvidas cбrmicas que aplainam o caminho, regenerando, e o segundo, como elemento do futuro, aproximando os homens novamente de Deus.

Na soluзгo dкste grande problema os mйdiuns entram como elementos de alto valor, tornando-se instrumentos hбbeis de investigaзгo no campo da inteligкncia e veнculos de iluminaзгo espiritual, no do sentimento.

Ser mйdium entretanto nгo quer dizer que a alma esteja agraciada por privilйgios ou conquistas feitas.

Muitas vezes pessoas altamente favorecidas com a mediunidade sгo todavia dominadas, subjugadas por entidades sombrias ou delinquentes, com as quais se afinam de modo perfeito, servindo, ao escвndalo e а perturbaзгo em vez de cooperar na extensгo do bem.